sexta-feira, 19 de junho de 2015

Otimismo do mercado

Em fevereiro o Grupo Tarpon, fundo americano que gerencia universidades naquele país (21% dos negócios estão nesta área) comprou a Abril Educação, que estava em crise por 1,3 bilhões.
Agora, com dinheiro em caixa, a nova Abril Educação anunciou nesta quinta-feira (18) a aquisição de 100% da operação da Saraiva Educação (725 milhões), braço do grupo formado por selos como Atual, Benvirá, Editora Saraiva, Editora Érica e sistema de ensino Ético. Segundo FSP, a operação abrange o catálogo de livros didáticos, paradidáticos, universitários, jurídicos, ficção e não ficção.
A reportagem cita que o grupo já é dono de marcas como Wise Up, Red Balloon e Anglo e que já atua nos setores de editoras, escolas e sistemas de ensino básico e técnico, cursos preparatórios para concursos, ensino a distância e idiomas.
Analistas avaliam que o interesse da Abril Educação é crescer, com a venda de livros e serviços, em regiões que no futuro terão maior direcionamento de recursos do governo para educação.
"Ela já é forte em sistemas de ensino no Sudeste. Agora, a marca Ético, que é forte no Nordeste, pode ajudá-la a alcançar a região, onde ela vinha tendo dificuldade de crescer. O Norte também ficará mais acessível", afirma Gabriela Cortez, analista do BB Investimentos.
O que esta notícia diz respeito ao Plano Nacional de Educação? Tudo. Vejamos:
1.     O mercado pede a todo momento ao governo que faça sinalizações que tranquilizem os investidores privados. O governo Dilma, acossado por denúncias e infidelidade de sua base, tem caprichado nesta tarefa, vide pacote fiscal, elevação da taxa de juros e pacote de privatizações.
2.     No campo educacional, no meio de forte crise, os que possuem reservas saem as compras, foi assim em 2008 e continuará sendo assim enquanto o capitalismo for capitalismo, pois concentrar propriedade é da sua essência. As empresas em crise serão compradas pelas maiores e as maiores compradas pelo capital internacional.
3.     O mercado, sempre mais bem informado do que os educadores, sabe que as sinalizações do governo são de cada vez mais abrir as portas do setor público para a iniciativa privada. E isso vale para a área educacional. Isso pode ser via abrindo novas áreas para prestação direta do serviço, mas pode ser abrindo para o setor áreas anteriormente exclusivas do setor público. Temos exemplos nos dois casos.
Ao contrário da imprensa brasileira, parece que o fundo Tarpon está mais otimista com a economia brasileira. E bastante otimista com o retorno na área educacional. Como a renda das famílias brasileiras está caindo, a expectativa de retorno não é a entrada no mercado consumidor de mais brasileiros, o fundo americano está de olho nos recursos públicos.

Simples assim. A Pátria Educadora, na versão transnacional, está em pleno vapor.

Um comentário:

Anônimo disse...

O governo gasta muito mau os recursos da educação. Aqui no Colégio que trabalho no interior do Estado do Pará, os livros estão mofando em uma sala e poucos são usados; até porque não veio em número suficiente para os alunos. Essa verba deveria vir direto pra escola, e os professores utilizarem na confecção de apostilas envolvendo o conteúdo programático que é bastante extenso. Governantes burros e ladrões, compram livros apenas pra encher a conta desses empresários safados e gananciosos e levarem a propina deles nas licitações fraudulentas. Nossas indicações de livros raramente são aceitas e mandam porcaria mesmo.