quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Desobediência, professores.

Após a absurda decisão de um juiz de primeira instância declarando ilegal a greve dos docentes, a imprensa paraense decidiu declarar guerra ao magistério. Em editorial publicado no jornal O liberal do dia de hoje, é exigido que os professores tenham obediência diante de decisão judicial. E mais, o editorialista se pergunta sobre o que deve ser ensinado aos alunos, pois os professores estariam estimulando a desobediência civil.

Raramente concordo com o referido jornal, mas sua direção percebeu a essência da questão que envolve o conflito entre o governo estadual, os professores e o judiciário local. Em resumo, o que está em jogo:

1. Um povo (ou uma categoria) tem o direito de se insubordinar contra ordens manifestadamente ilegais e/ou ilegítimas. Sem o exercício deste direito fundamental não teriam ocorrido às mudanças que viabilizaram a sociedade moderna. Imaginem se os franceses não tivessem exercitado a desobediência civil contra o antigo regime? E se os colonos americanos tivessem acatado as ordens da metrópole inglesa? Ou mesmo Dom Pedro tivesse acatado as ordens das Cortes portuguesas. Nossa história está permeada de desobediência. A liberdade de imprensa só foi retomada em nosso país por que muitos se levantaram contra as leis da ditadura militar.

2. No caso específico a desobediência dos professores é a melhor forma de defender duas conquistas legais. É a defesa do direito de greve, inscrito no artigo X da Constituição Federal. E a defesa da Lei Federal n° 11738 de 2008, que estabeleceu um piso salarial nacional para o magistério. E é a defesa do respeito à decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou a referida lei totalmente constitucional. Ao mesmo tempo em que se insubordinam contra uma decisão de um juiz de primeira instância, os professores nos lembram que devemos exigir o respeito às leis maiores do nosso país e que todos deveriam ser iguais perante tais leis.

3. O governo do estado quer permissão para descumprir uma lei federal, para atacar o direito constitucional de greve e para tal conta com a sempre subserviente imprensa local. E todos sabem que nossa imprensa local (a nacional não está tão longe disso também!) sempre escolhe o lado que mais protege os seus interesses comerciais. Certamente o afinco atual do O Liberal se enquadra neste exemplo, afinal de contas é necessário preservar a própria sobrevivência.

Quando tinha 17 anos e estudava na Escola Estadual Pedro Amazonas Pedroso meus professores me ensinaram a importância da desobediência contra regras impostas por uma minoria. Naquela época ainda não existia o SINTEPP, mas a APEPA enfrentou a polícia comandada pelo governador Alacid Nunes. No dia 5 de setembro fui ao desfile do Dia da Pátria para apoiar os professores. A luta deles me inspirou pro resto da vida.

A greve dos professores é um exemplo de que a dignidade não tem preço e de que a luta por preservá-la sempre exige coragem e determinação.

2 comentários:

Prof. Alcyr LIma disse...

O liberal dissertou sobre o conceito de subserviência, professor, talvez querendo criar um "neologismo" para obediência. Abraços

Charles B. disse...

Por que os estudantes secundaristas não fazem greve aqui no Pará apoiando seus professores? Como mudaram as coisas no Pará do final da década de 70, passando pelos anos 80 até inicio dos 90. Infelizmente, nossa juventude atual está sendo vítima de uma lavagem cerebral por conta da mídia mentirosa e tendenciosa a serviço do grande capital e das elites locais paraenses que se revezam no poder, triste!

Eduardo Angelim, líder cabano, deve está se revirando no túmulo, vendo lá do além que nada mudou no Pará desde o período imperial. Lamentável mesmo.

Ei professores! Voltem, porém, permaneçam em estado de greve e não reponham nada! Porque o sovina não vai pagar. Aí, tratem de denunciá-lo as instâncias superiores de justiça como o próprio STF. Quando iniciar o ano letivo de 2012 comecem nova greve. Outra situação, como ele quer guerra, comecem a fuçar o passado desse governador, e tratem de denunciá-lo porque tem muito processo dele esquecido em tribunais aqui e em
Brasília. As broncas que ele se meteu são grandes demais pra caírem no esquecimento. Esse homem vai causar um atraso social terrível nesse Estado nesses anos nefastos que ele ficará no poder, lamentável!

Corrente determinista que imperava no século XIX: "Na luta pela sobrevivência, só os mais fortes sobreviverão". Esse tipo de pensamento era utilizado pelo Estado alemão Imperialista, e Hitler foi seu maior exemplo de seguidor, a pergunta é: "Isso está acontecendo no Estado do Pará, em pleno século XXI?" Quem é o Hitler do Pará? O espírito desse capeta baixou por aqui? É preciso exorcizá-lo então!

Outra: Eu quero ver é prenderem a cambada de ladrões que infestam a ALEPA (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE LADRÕES DO PARÁ - QUASE TODOS). Eu quero ver o jatene explicar porque deu isenção fiscal pra Cerpasa (47 milhões), O que aconteceu com o Projeto Alvorada, tem o caso da TV Liberal que ganhou milhões do desse governo aí pra usar as estações da TV Cultura, etc, etc., que virou processos e ninguém viu e ninguém sabe. E o que aconteceu com o dinheiro da venda fajuta da Celpa, isso sim merece ser investigado e alguém preso pela Polícia Federal de preferência. Outras perguntas que não querem calar: Existe de fato independência entre os três poderes aqui no Pará? Cadê o Ministério Público Federal que não fiscaliza se a Constituição Federal está sendo cumprida nesse item? Será que o diabo, ou um de seus asseclas aqui no Pará, comprou todo mundo?

Outra de novo: A Secretária de "administração" mais parece um papagaio de ventríloquo repetindo asneiras de dizer que o Estado está com déficit, sem segurança nenhuma do que afirma: Então senhora, peça para o Sintepp mandar um enviado conhecedor de contas públicas (temos muitos professores que são feras na área) para junto com a senhora, lá naquela COISA de TV Liberal (A TV PILANTRA) debaterem os números, e convide o seu "inteligente" economista Jatene pra nos enfrentar, frente a frente diante do publico, para debatermos sobre números e finanças públicas, aí quero ver se a verdade não aparecerá.Chame também, um bom Juiz, que não seja daqui do Pará (tipo no futebol que o Governador tanta investe), que saiba pelo menos adição e subtração, para dizer quem ganhou o debate, que tal a idéia? TOPAM?