quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Carreira do magistério não é atrativa

Hoje os jornais deram destaque para um dado alarmante em termos educacionais: menos professores se formaram nos cursos universitários preparatórios ao exercício do magistério.

Esta diminuição não é difícil de explicar. Basta ver que a carreira continua pouco atrativa. Os salários dos professores são menores do que o recebido por profissionais com igual qualificação, seja na área pública ou privada.

No Projeto de Lei nº 8035 de 2010, que cria o novo Plano Nacional de Educação, com validade para a próxima década, o governo está propondo a seguinte meta:

Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Acontece que esta Meta possui apenas três estratégias e as mesmas não apresentam mecanismos garantidores do seu alcance ao final de dez anos. A primeira estratégia é constituir um fórum permanente que acompanhe a “a atualização progressiva do valor do piso salarial”. Ora, o formato de atualização do piso está inscrito em lei e este grupo ajudará a fiscalizar o seu cumprimento, mas não garante que a correção prevista alcance a meta.

A segunda estratégia diz respeito ao acompanhamento do valor dos salários por meio de indicadores. Importante para alertar o quanto a meta está longe de ser cumprida. E só.

A terceira estratégia é “implementar, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, planos de carreira para o magistério, com implementação gradual da jornada de trabalho cumprida em um único estabelecimento escolar”. Boa idéia, um dos instrumentos eficazes para tornar a profissão atrativa é, sem sombra de dúvida, instituir carreiras que valorizem o magistério. Muitos estados e municípios ou não tem ou não implementam as carreiras existentes.

A pergunta não respondida é: quem vai pagar a conta? Ou seja, qual é a ajuda que será dada pela União para que estados e municípios tornem a carreira mais atrativa.
Na matéria do Estadão, o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches, considera que a queda na quantidade de formandos é "preocupante". "Os municípios se preparam para ampliar o número de matrículas para crianças de 4 e 5 anos, que se tornarão obrigatórias em 2016. Isso projeta um cenário de falta de docentes", afirmou. Concordo com ele, a tendência é de crescimento de matrículas estaduais e municipais, entes federados pressionados pela extensão da obrigatoriedade feita pela Emenda Constitucional nº 59.

Espero que o Congresso Nacional altere o texto e ajude a responder a pergunta e, agindo assim, contribua de maneira concreta para a valorização do magistério.

5 comentários:

Professor Alcyr lima disse...

O novo(?) governo do Pará anuncia retrocesso na valorização dos profissionais de educação ao decretar a suspensão dos PCCR para as várias categorias profissionais do serviço público, incluídos aí os servidores de educação. É por isso que infelizmente estas manchetes tornam-se realidades brutais a prejudicar principalmente os usuários deste serviço público. Talvez, o início do ano letivo aqui no Pará seja marcado pelas eventuais pressões que servidores educacionais tem que fazer para garantir, ao menos, o mínimo de condições para trabalhar. Vamos à luta!

wilberth disse...

Sou professor há 18 anos, mas, confesso que estou querendo abandonar o "barco", mesmo gostando de ensinar meus alunos e saber da importância da educação para o futuro da nação.No entanto, não tem condições mesmo, acho que cheguei no limite da resistência, a pressão é grande, o desconforto é permanente. Todo ano, eu e alguns colegas sofremos redução de carga horária, por "n" motivos, até por motivos politiqueiros. Não temos segurança nem de comprar mais uma bicicleta a prazo. E tem mais um detalhe, cobram de nós o impossível com escassos recursos pedagógicos e espaços inadequados para o processo de ensino-aprendizagem.

Anônimo disse...

Professor Luiz, boa tarde!
Tire-me uma dúvida: porque no nosso Estado e PMS o número de inscritos para o concurso público na carreira de magistério com cargo de professor teve um número expressivo de candidatos?

Obrigado!

Anônimo disse...

Aqui no município onde leciono ocorreu eleição para o Conselho Municipal de Educação pela primeira vez. Um jogo de cartas marcadas e pessoas querendo destaque por assumir tais funções. No entanto,entendo que isso é a afirmação da maldita municipalização do ensino em nosso Estado do Pará, que provocou uma regressão na qualidade de ensino e desvalorização dos professores. Muitas dessas pessoas, ainda que formadas em nível superior e com especialização, não possuem experiências para lidar com função tão complexa. Aliás, são pessoas que sempre estiveram vinculadas ao poder local; e que não entendem patavinas de leis e de maneiras corretas para ordenar a vida burocrática e prática da educação pública. Infelizmente, é o caos se implantando em definitivo, pobres de nossas crianças e jovens.

Anônimo disse...

Aqui no município onde leciono ocorreu eleição para o Conselho Municipal de Educação pela primeira vez. Um jogo de cartas marcadas e pessoas querendo destaque por assumir tais funções. No entanto,entendo que isso é a afirmação da maldita municipalização do ensino em nosso Estado do Pará, que provocou uma regressão na qualidade de ensino e desvalorização dos professores. Muitas dessas pessoas, ainda que formadas em nível superior e com especialização, não possuem experiências para lidar com função tão complexa. Aliás, são pessoas que sempre estiveram vinculadas ao poder local; e que não entendem patavinas de leis e de maneiras corretas para ordenar a vida burocrática e prática da educação pública. Infelizmente, é o caos se implantando em definitivo, pobres de nossas crianças e jovens.