sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Haddad vai continuar no MEC. E daí?


Depois de longa espera e muita especulação a presidenta eleita Dilma Rousseff anunciou ontem à noite que Fernando Haddad permanecerá no comando do Ministério da Educação.

Sem contato com interlocutores que tenham participado do processo de escolha e, por outro lado, tendo apenas disponíveis as informações da mídia, não me aventuro a especular os motivos reais da permanência. A montagem de um governo é um jogo de xadrez, no qual pesam mais os interesses partidários, as coalizões, do que propriamente um minucioso balanço de gestão anterior, mesmo que um desempenho sofrível tira da disputa qualquer ministro.

Neste sentido o atual presidente, que durante oito anos teve três ministros na área da educação, não pode reclamar da gestão de Fernando Haddad. Tentando olhar pela ótica lulista, quais foram seus méritos?

1. Acelerou o processo de ampliação de vagas no ensino superior, tendo por base o Prouni e o Reuni. Conseguiu hegemonizar a área acadêmica, oferecendo concessões em troca de apoios ao seu modelo de expansão.

2. Conseguiu, mesmo com o vazamento da prova ano passado e as trapalhadas da prova deste ano, transformar o ENEM em vestibular nacional unificado. O que era uma marca do governo FHC se transformou em marca do governo Lula.

3. Com o FUNDEB em vigor conseguiu diminuir as tensões com estados e municípios.

4. Lançou o PDE sem saber direito o que era, mas foi dotando a marca de conteúdo e com o lançamento do IDEN emplacou um novo indicador, pautando a imprensa e as redes estaduais e municipais.

5. Realizou a Conferência Municipal de Educação e criou uma dinâmica de participação que impediu uma reação mais radical aos limites do projeto de novo Plano Nacional de Educação.

6. Foi sempre um ministro obediente publicamente ao chefe, virtude muito valorizada por Lula.

Os nomes que circularam nos bastidores para substituir Haddad, especialmente do carismático Chalita, também ajudaram na sua permanência.

Só saberem os o preço que Haddad teve que pagar em termos de concessões a bancada petista da educação, que não via sua permanência com bons olhos, no início de janeiro, quando o Diário Oficial começar a publicar as novas nomeações para os principais órgãos do MEC.

De qualquer forma, olhando pelo lado prático, os educadores já sabem o que esperar do MEC na nova gestão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Haverá um tempo em que alguns cargos serão ocupados também por eleição. Quando vier esse tempo, nós, servidores, talvez sejamos tratados com mais respeito e valorização, quanto mais em se tratando da educação nacional.