segunda-feira, 20 de abril de 2009

Exame moribundo

Estes dias estamos presenciando uma polêmica entre o atual secretário de educação estadual de são Paulo, senhor Paulo Renato Souza e o ministro da educação Fernando Haddad. Vamos descontar o aspecto eleitoral do debate, por que a ida do Paulo Renato para o governo de Serra tem tudo a ver com as eleições de 2010 e a reação do ministro paulista idem.
O ex-ministro afirmou que o "Enem funciona muito bem para avaliar estudantes do ensino médio, mas não para selecionar para as universidades federais”, O atual ministro retrucou dizendo que "77% das pessoas que fazem o Enem hoje o fazem porque buscam uma vaga numa universidade. O Enem estava praticamente morto quando assumimos o ministério e o que revitalizou o Enem foi o ProUni, Programa Universidade para Todos, que exigiu a prova do Enem para a distribuição de bolsas nas universidades particulares. Nós não temos nada contra o Enem, tanto é que revitalizamos um Enem moribundo para efeito de distribuição de vagas do ProUni." .
O ENEM foi criado para ser uma espécie de certificação dos jovens para o mundo do trabalho. Nunca conseguiu passar nem perto disso. O ex-ministro está totalmente equivocado, o ENEM não consegue avaliar o ensino médio, nem mesmo os seus alunos. Primeiro, por que suas provas não constituem uma série histórica comparável, pois os universos não o são. Segundo, por que suas matrizes não dizem respeito ao que efetivamente acontece no ensino médio. O atual ministro tem razão, ele se transformou em prova de ingresso as universidades, mas isso aconteceu antes do ProUni, basta verificar que o crescimento da adesão ao ENEM cresceu na mesma proporção que grandes universidades e faculdades decidiam utilizá-lo, tudo isso bastante estimulado pela gestão Paulo Renato.
Em 2003 vários especialistas mostraram ao INEP que o ENEM estava moribundo, era muito caro, ineficiente e que não servia para avaliar o ensino médio. O estudo não foi levado em conta e o governo Lula decidiu consolidar o ENEM como prova de ingresso a universidade.
A pergunta é: para que o governo decidiu salvar uma prova tão questionável? Que interesses estiveram por trás dessa decisão? Ou foi apenas a inércia que manteve todos os principais programas da gestão anterior intocados?

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