sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Presente de grego

No dia do professor, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM) anunciou um verdadeiro presente de grego. A partir de 2009 os professores do DF terão direito ao 14º salário denominado de Bônus de Desempenho Educacional.
Este bônus será concedido como prêmio pela melhoria do desempenho das escolas e funcionará da seguinte forma; a secretaria de educação calculará o desempenho da escola por meio de uma matriz que levará em conta a melhoria do fluxo escolar, o aprendizado dos alunos e qualidade da gestão.
Segundo matéria do Correio Brasiliense (16.10) a “primeira variável será pautada pela diminuição da repetência, da evasão e da distorção idade e série”. A qualidade do ensino será mensurada “pelo crescimento de cada escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica”.
Não é uma idéia inovadora e tem tudo para dar errado. Explico por que:
1. Os fatores que levam ao melhor aprendizado dos alunos não estão todos dentro da governabilidade da escola. Basta comparar desempenho de escolas nas regiões mais urbanizadas com aquelas localizadas na periferia das cidades, inclusive de Brasília;

2. Além disso, apesar das escolas do Distrito Federal possuírem um padrão de financiamento acima da média do país, é verdade que as escolas periféricas são mais abandonadas, possuem menos recursos pedagógicos e menor acompanhamento por parte das autoridades educacionais. Os insumos educacionais não entram na contabilidade para aferir os resultados;

3. Estudos feitos nos relatórios das provas do SAEB mostram que escolaridade dos pais, tempo destinado por eles para acompanhar os filhos nos seus deveres, acesso das famílias a leitura em casa, tudo isso interfere no aprendizado. Ou seja, coitado dos professores que trabalham nas cidades satélites mais pobres do Distrito Federal;

4. Isso já foi tentado pela secretaria de educação do Estado do Rio de Janeiro, que dividia as escolas por cores e remunerava professores de forma diferenciada. Era de bom tom verificar os resultados desta experiência antes de decretar o bônus por desempenho.

5. Toda premiação esconde uma lógica de punição e neste caso associada a fatores educacionais que fogem do controle da unidade escolar, por mais dedicado que seja o quadro de pessoal.

2 comentários:

www.ribamarribeirojunior.blogspot.com disse...

seja bem vindo a blogosfera

Ribamar

Anônimo disse...

Luis. poderias falar sobre remuneração de professores associada à avaliação de desempenho no Rio de Janeiro?
Como foi esta experiência, em que tempo e por que nao deu certo?
Temos q encontarar uma saida. Não podemos remunerar igualmente, profissionais com desempenhos tão desiguais. Hoje temos como medir.O IDEB é um instrumento entre outros. Sou professora e lutadora pelos direitos da minha categoria, mas não podemos ser corporativistas diante da calamitosa situação da educação no país.