quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Juventude sem futuro garantido

Continuo comentando o teor do Comunicado nº 12 da Presidência do IPEA sobre os resultados da PNAD 2007.
A situação da juventude brasileira continua precária. Cerca de 14 milhões de jovens podem ser considerados pobres no Brasil segundo a PNAD 2007 e cerca de 4,6 milhões estão desempregados, número que representa 63% do total de desempregados do país.
Se por um lado, 82% dos jovens entre 15 e 17 anos freqüentam uma escola em nosso país, por outro lado 44% não haviam concluído o ensino fundamental e 48% apenas haviam conseguido ter acesso ao ensino médio na idade correta.
A PNAD descobriu que 9,0% dos jovens rurais são analfabetos contra apenas 2,0% dos que residem na área urbana.
O mais grave: os jovens pobres são obrigados a abandonar os estudos para trabalhar. Antes de completar 18 anos 21,8% dividem estudo e trabalho. Após os 18 anos apenas 16,2% continuam conseguindo conciliar as duas atividades. Esses números graves ainda escondem as desigualdades sociais, pois a PNAD atestou que apenas 10% dos maiores de 18 anos de famílias que possuem renda familiar de até meio salário mínimo conseguem manter-se estudando ao ingressar no mercado de trabalho. Esse número sobe para 30% nas famílias de renda per capita acima de cinco salários mínimos.
É claro também a desigualdade racial. O analfabetismo entre jovens negros é quase duas vezes maior do entre brancos. No acesso ao ensino superior a freqüência líquida é cerca de três vezes maior entre os brancos.
Por fim, cerca de 28 milhões de jovens vivem em moradias fisicamente inadequadas, como por exemplo, sem água encanada, sem rede de esgoto, sem coleta de lixo, etc...
Podemos afirmar que a juventude continua sem futuro garantido.

Hiato educacional ainda é grande

Este indicador mede a quantidade de anos de estudo que, em média, faltam aos brasileiros que estão abaixo da meta da educação obrigatória. O documento do IPEA fez seus cálculos em cima de 8 anos de escolaridade obrigatória, o que representa uma imprecisão legal, pois hoje é obrigatório o ensino fundamental de 9 anos.
A análise trouxe dois elementos importantes para a nossa reflexão;
1. Quanto mais velha é a idade da população menor é a queda do hiato. Nos maiores de 30 anos este hiato está em 5,1 anos;
2. Apesar dos avanços, o hiato na população de 15 a 17 anos ainda é expressivo (2,8 anos), o que está associado à dificuldade dos alunos concluírem os estudos no período correto, devido à evasão e repetência.
Ou seja, não estamos enfrentando o déficit histórico por meio da educação de jovens e adultos e apesar dos avanços de acesso, estamos muito aquém na qualidade do ensino fundamental e médio.

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